O BI da Sofia (não chegou a ter o “Cartão Único”!)
V I I I – A MATERNIDADE
Em princípios de 2006 faleceu meu sogro. Foi juntar-se à sua companheira de uma vida, poucos meses após a morte dela.
A Sofia entretanto estava prestes a ter a sua ninhada. Apesar da distância, acompanhámos todo o processo, graças também ao apoio constante da D. Margarida, nossa amiga, mais que vizinha. A “tal”… do terceiro esquerdo. Todos os fins-de-semana íamos até Almada. A Sofia passou a ter acesso à nossa casa. E aproveitou-o bem. Após o parto, foi-nos aparecendo com os filhotes, um a um! Quatro! Três gatinhos e uma gatinha!
Preparámos então um espaço para ela, aproveitando um parapeito exterior por debaixo das janelas das traseiras. Colocámos uns tijolos para impedir que os gatinhos caíssem, providenciámos uma protecção que os abrigava dos raios solares e ficou à disposição da Sofia e da sua ninhada uma transportadora onde passaram as primeiras semanas pós-parto.
Até que – era fatal – todos passaram definitivamente para dentro de nossa casa, vivendo na marquise.Até que – era fatal – todos passaram definitivamente para dentro de nossa casa, vivendo na marquise. O “abrigo” da parturienteI X - A ADOPÇÃO DA “SOFIA” A Sofia, com os seus “achaques” despertou em todos nós um enorme sentimento de solidariedade. Passou a ser medicada diariamente, situação que teria de ser para sempre, dada a sua doença crónica. Apesar dos seus problemas de saúde, era uma mãe extremosa. Amamentava as crias sem um queixume e mantinha-se permanentemente a seu lado.
E sobretudo tinha, na sua relação connosco um comportamento do mais meigo possível. Parecia, quando nos olhava, agradecer tudo o que tínhamos e estávamos fazendo por ela e pelos filhotes.
Desde que passara para o interior da nossa casa que aproveitava os momentos da “sesta” das crias, e ia dormir numa almofada que “destinou sua” ficando na nossa companhia. Silenciosa, passava despercebida excepto quando nas idas e vindas se roçava nas nossas pernas.
Tempo de “mama” – Sofia amamenta os quatro filhotes
No final do Verão de 2007, antes de voltarmos para Lisboa, a Manuela iniciou contactos para a adopção das crias da Sofia. Quanto a ela, não nos era possível abandoná-la e vê-la retornar ao telhado. Com a doença de que padecia, não duraria muito.
Fora decidido adoptá-la de "facto" e trazê-la connosco, para nossa casa, para junto do Berrinhos e da Maria, gozar o que lhe restava de vida, em paz e no sossego que nunca experimentara.
X - ADOPÇÃO DOS FILHOTES DA “SOFIA”
Acabado o período de amamentação, a Manuela já uma “expert” na difícil tarefa de encontrar um lar para gatos lançou-se , o tempo urgia, à sua agenda telefónica, ao mesmo tempo que enviava mails às carradas procurando adoptantes. O retrato da prole da Sofia foi amplamente divulgado em "poster" divulgado junto da Vet Mouras e nas montras de outros estabelecimentos nossos vizinhos.
"Poster" divulgado na "Net"
Aos poucos os bichanos foram adoptados. Todos os machos encontraram rapidamente famílias interessadas.
Um jovem casal adoptou um dos bichanos que “reservaram” ainda durante o período de amamentação.
De pelagem preta, patinhas, ventre e pescoço de um cor branco imaculado.
Passada a amamentação, foi recolhido pelos seus actuais donos que, para o efeito, se deslocaram desde Sintra até Almada. Passou a chamar-se PULGÃO! Vive bem tratado e tranquilamente no seio de uma família que o trata principescamente.
A espaços vamos recebendo notícias suas, acompanhadas de fotos dele e do amigo felino a quem foi fazer companhia: o TOM.
BECAS foi o nome do outro filhote que foi adoptado por uma jovem que respondeu a um dos apelos lançados. Vive em Camarate. Mantemos contactos com a sua adoptante. Sabemos assim que está bem, feliz e com mimos e comidinha a horas.
Ao terceiro macho chamaram-lhe Samuel – SAMU para os amigos – e vemo-lo com alguma frequência. Está quase totalmente branco exceptuando umas riscas cinzentas no rabo e umas sombras castanho/acinzentadas nas orelhas. Foi adoptado pelo JP, nosso filho. Vive em S. Domingos de Rana, dormindo e brincando com a Gabriela e a Tareca.
X I – PIMPINHA A FILHA DESAPARECIDA
E o quarto(a) filhote? Como fêmea, mais uma vez, tivemos dificuldades na sua adopção. As fêmeas são sempre difíceis de “colocar”. O preço da esterilização é considerado um escolho e a recuperação após a intervenção é um pouco mais demorada que nos machos. Necessitam, portanto, em início de vida, mais atenção. Concluindo: a única filha da Sofia, não aparecendo interessados na sua adopção, acabou (já estão a ver…!) por ficar em nossa casa, com a mãe. Foi-lhe dado o nome de PIMPINHA.
A Sofia foi uma companheira constante da sua filha. Passavam quase todo o tempo juntas. Raramente se separavam, mãe e filha.
Tudo coria às mil maravilhas, até que a Pimpinha desapareceu. Caiu da nossa varanda, de uma altura de três andares, e nunca mais foi vista.
Mãe (Sofia) e filha (Pimpinha) “passam pelas brazas“
Podem achar – e aceitamos todas as opiniões e críticas - todo este escrito estranho, deslocado, exagerado.
Temos a nossa consciência bem tranquila quando nos lembramos do que já passamos com os nossos mais próximos familiares e do que eles passaram…!
Convivendo diariamente com animais, mais tarde ou mais cedo, somos obrigados a considerá-los também como família.
Sofia continua na nossa casa, sem quaisquer mórbidas celebrações ou parolas e descabidas evocações, dentro de uma pequena urna onde repousam as suas cinzas.