Hoje, a partir das 10 horas o nosso lar ficou mais pobre.
O “Berrinhos”, o nosso amigo siamês, passados 22 anos e
pouco mais de um mês de vida, fechou os olhitos.
Fechou-os, quando, embrulhado num cobertor, descansava de
mais uma dose de soro injectado pela sua “mãe” humana. A mesma que, durante
mais de um mês o tratou, foi sua enfermeira, repetindo diariamente aquele
tratamento, como diária era a toma de um comprimido e a ingestão de três colheres
de medicamentos em pó, lhe deu banho e mudou fraldas.
Idas regulares à Veterinária , análises, exames clínicos,
tudo fizemos na tentativa de adiar o fim que se adivinhava mas não podíamos,
não queríamos aceitar…
Ontem de noite, depois
de sairmos da última consulta médica, em que lhe foi ministrada uma injecção ,
ao regressarmos, o “Berrinhos” ainda nos deu alguma esperança ao comer aquela
que seria a sua última refeição sólida, um mimo preparado pela Manuela.
Hoje, após os tratamentos habituais, estendeu uma pata
colocando-a sobre o braço da ‘mãe’ Manuela que o mantinha no regaço, tentou dar
dois ‘berros’…que não passaram , afinal, de dois sussurros e com uma ligeira
tremura, sem um som, despediu-se de nós e deste mundo.
"Berrinhos"! Sabes que continuarão connosco os outros seis bichanos
que hoje, a propósito, têm tido um comportamento, que não sabemos como defini-lo,
mas notamos, diferente do habitual.
Principalmente o mais novo, o Gaspar,
sempre um louco nas incansáveis correrias e brincadeiras e que hoje só tem
andado junto de nós e de vez em quando, vemo-lo junto ao corpo do “Berrinhos” que
descansa em cima da nossa cama.
Todos eles de uma forma silenciosa e tranquila, um a um, tem
passado junto do seu ‘vovô’ “Berrinhos”, como que prestando de uma forma
respeitosa a sua homenagem.
Afinal, todos eles parecem reflectir o actual “sentir” dos “pais”,
Manuela e Cândido.
Mas, tu, eras único, continuarás a sê-lo, estarás sempre
presente, jamais te esqueceremos.
Os mais de vinte e dois anos que passámos juntos não se
apagarão só porque partiste.
Serás bem recebido lá, no “sítio” onde quer que fiquem todos
os “felpudos”. E pode ser que esse “sito” seja paredes meias daquele para onde
nós iremos. Se assim for, era bom - não era? lá nos encontraremos. Combinado?!
NELA
CÂNDIDO