domingo, 3 de novembro de 2013

A MINISTRA QUER QUE EU SEJA MAIS UM SEM-ABRIGO?




PIOR, É O SORO QUE A “TIA” NELA, DIARIAMENTE, ME INJECTA 

Foi um abalo, o que ouvi, numa conversa entre os “tios” Cândido e Nela, mais ou menos em surdina, primeiro atónitos, depois receosos e finalmente indignados, sobre a notícia de que uma Senhora Ministra iria decretar só poderem coexistir, com eles, cá na casa, quatroanimais domésticos. 
A nível do País inteiro parece que foi o fim da picada. 
Petições, gritos de revolta nas redes sociais, cartas abertas, piadas e milhares de e-mails circularam entre os que possuem “bichos” em casa. Foi um ver se te avias, a descascar na dita Senhora Ministra. Ou seja, atiraram-se a ela como um gato ao bofe. 
A minha proveta idade (154 anos felinos) já me calejou o suficiente. Os meus bigodes nem se eriçaram. 
E por aqui, a restante comunidade felpuda, incluindo as meninas do meu “harém” também não ligou nenhuma. O Gaspar (não, não é o tal… da família da Cristas) não parou na sua ininterrupta missão de - como o atrás referido - “chatear” o pessoal. 
O nosso futuro está garantido.  
Gostaríamos de ver quem conseguiria pôr na rua os que de nós sobram, para além do tal contingente (como é que ela, o determinou?) sem passarem sobre os cadáveres dos “tios”!  
Mas parece que afinal, mais uma vez, a dita Senhora veio, mais ou menos, desdizer tudo o que teria dito (ou por ela disseram), explicando que não havia (ainda!) nada de concreto, após passados sete (7!) tantos foram os anos decorridos desde que se iniciaram estudos técnicos (?) para resolverem o assunto da lotação dos animais domésticos, nas casas dos pagadores de impostos… Aqueles que continuarão a pagar aos cérebros que ainda não apresentaram (diz ela, a Ministra) quaisquer resultados dos tais estudos técnicos, mantendo-se, assim, nas folhas de salários até, sabe-se lá durante quantos mais 7 anos. 
Eu tenho problemas muito mais graves.
Depois de me sentir sem forças, grande dificuldade em andar e tonturas que me afetavam o equilíbrio, em consulta médico-veterinária, diagnosticaram-me um grave problema renal, o que constitui, à partida, uma imediata certidão de óbito. Constou que um dos meus queridos rins já estaria “morto”. 
E não venham com essa de ser resultado da comida, da ração e tal e coisa, porque os meus tios sempre tiveram muito cuidado com a nossa alimentação. 
Só com muita atenção e boas escolhas naquela área, é que se chega aos 154 anos. Ou os tais 22 no calendário “humano”... 
A partir daquele arrasador veredicto, foi sempre a aviar de vacinas, remédios (comprimidos… pós…) e SORO!!! Este último é um grande petisco. Mais de 15 minutos com uma agulha enfiada à superfície da pele! A princípio ainda vou tolerando, mas a partir de metade … não consigo reprimir uns sonantes miados e tento libertar-me daquela espécie de colete-de-forças que são os braços da tia. 
Fisicamente é o meu maior tormento.
Mas estou passando por outra situação que me “doi” psicologicamente! É uma dor no orgulho felino. E custa “pra caramba”! 
Passei a usar FRALDA (!!!) muito embora apenas de noite, pois os “tios” não me cortaram a entrada no quarto principal. Porém, andar com aquele emplastro horroroso, apertado nas partes baixas (apesar de diminuídas há muito!) junto das minhas meninas, é degradante! 
Tenho uma enorme vergonha quando, cambaleante, tenho de passar junto às Ritinha e Xaninha, com o seu pelo lindo, colorido, “tipo “tartaruga. 
A “gorducha” da Pippy, apesar do meu aspecto decadente, não deixou de manter a sua assiduidade. Paixão é assim! Rodeia-me, lambe-me, encosta-se, roça-se... E aqui até me dá vontade de fugir (se as pernas dessem para tal) pois ela roça-se e eu quase caio... Encosta-se… e… caímos os dois! É mesmo “ chato”! Triste! 
Se não fosse a minha, apesar de tudo, farta pelagem, de certeza que até se veria eu a corar. 
É triste. 
E diz o “tio” Cândido que está velho. Pois! Eu queria vê-lo com os meus 152 anos! 
Eis que, entretanto, surgiu uma notícia inesperada e esperançosa. 
Antes de ontem, para surpresa geral (nunca fui de desistir sem luta) depois de mais uma série de análises que, de há três semanas para cá, são o “petisco-meu-de-cada-dia”, verificou-se que o rim morto… tinha ressuscitado. 
Efetivamente sinto-me um pouco melhor, graças à atenção da “tia” Nela, que não falta com uma toma da medicamentação e que diariamente, me vem injectando soro. 
E sinceramente. 
De tudo o que passei até agora, recolha de sangue, vacinas, etc., aquela do soro… é a pior! Minha nossa! E parece que não irá parar tão cedo. 
O que me regalou, nestes últimos dias, para estupefacção dos “tios”, foi o gostoso banho no poliban. 
E não é que hoje, tomei nova banhoca mas no lava-loiças? Assim, tipo lavagem da dobrada (tripas!!!) em duas águas. Fiquei com a ideia que dá menos trabalho à tia. Não precisa de se dobrar (hihihi) como tem de fazer no poliban, ficando ainda de joelhos. Inteligente! 
Mas uma coisa que mais gozo me tem dado, é o comportamento do espécimen “macho” - o humano cá de casa - que deixa muito a desejar. “Balda-se” a dar um precioso apoio à “tia” pois não consegue ver ela a espetar-me a agulha. 
E fica todo assarapantado quando lhe é pedida ajuda… 
Enfim… nem eu, nem a “tia”, podemos contar com ele. Eu, se fosse a ela, começava a pensar seriamente no futuro. 
Bem… para terminar (isto até já parece o meu testamento) espero que não seja para já que me vá para o paraíso dos felpudos, onde, tenho a certeza, há um lugar esperando por mim. Assim, com mais uns tempitos de vida, fica a ameaça do lançamento de um próximo texto, que tentarei seja mais curto. 
Mas nisto sou como o “tio”.  
Quando ele começa…

2 comentários:

  1. Boa noite amigos Cândido e Manuela
    Não posso deixar de vos dirigir um enorme apreço pelo carinho com que tratam os animais e em particular os que partilham a vossa residência. Fiquei sinceramente comovido pela dedicação e dever inequívoco que demonstram perante a responsabilidade que é a de adoptar um animal entre quatro paredes. Muito mais vos poderia dizer e felicitar mas neste momento importa que o Berrinhos melhore e que vos traga ainda alguma alegria e recompensa pela vossa dedicação.Quanto aos restantes estão muito bem e de boa saúde.
    Resumindo FELIZARDOS. Abraço com amizade
    Luís Fonseca

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  2. Caro Berrinhos,

    Fico satisfeito pela forma como encaras a vida. Com muita coragem, muito grato ao Cândido e Manuela com o amor que eles te dedicam.
    Fiquei satisfeito em saber que os teus rins estão a funcionar bem.

    Que nos faças companhia por mais uns anos são os votos do Gomes e Beatriz,

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