quarta-feira, 26 de novembro de 2014

(01/2014) - O “PATINHAS” PARTIU PARA SEMPRE! EU, O “BERRINHOS”, REENCONTRAREI UM AMIGO.






No dia 25 de Novembro de 2013, com os meus 22 anos, deixei o mundo terreno!

E hoje, 25 de Novembro de 2014 tive conhecimento que estou prestes a rever um amigo.

É por isso que estou aqui, reclinado numa bela e fofa caminha, na recepção da Secção de boas-vindas aos que merecem entrar no paraíso…- onde eu estou, por mérito – e que não é exclusivo para felinos. A ele também têm acesso todos os humanos que nos trataram bem, podendo assim continuar a beneficiar da nossa maravilhosa companhia. Os que nos tratam mal vão parar ali para um sítio que já me disseram ser um pouco “fatela”. Parece que la estará um calor dos diabos e que não é, de todo, recomendável.

A tristeza, ao ser informado da próxima chegada do “Patinhas” tento minorá-la egoisticamente emocionado pelo eminente reencontro. Afinal, ele é quase um familiar, por ser irmão da Maria, minha companheira - meu amor platónico - já lá vão tantos anos, quantos os da sua idade, pois veio dos Algarves há 13 anos, trazida pelos meus ”papás” de duas pernas, após o seu nascimento.

Poucos meses depois, o Patinhas viajava também rumo a Lisboa, onde o aguardava a nossa amiga e vizinha Alzira, com quem passaria a viver. 

O bom feitio da Maria deixava antever o que se confirmou no seu mano Patinhas. Bichano calmo, ternurento e bonacheirão -o que lhe valeu a alcunha do “calça frouxa”. Felino apenas no seu andar, nas suas espreguiçadelas, nos seus fortes e audíveis ronrons, deleitado com os “cafonés” que os amigos humanos não resistiam de lhe fazer, enfeitiçados pela solicitação no seu olhar meigo. 

Foi tratado principescamente pela Alzira. Ele correspondeu sendo a sua silenciosa e sempre presente companhia das noites solitárias. Era ele que obrigava a Alzira a abrir um sorriso, em momentos de cansaço e quebra, com as suas brincadeiras. Era a ele que ela recorria quando sentia necessidade do bater de um coração junto ao seu.

Sei que o Patinhas foi “adormecido” perto das 12 horas de hoje, na Faculdade de Medicina de Veterinária, após várias passagens por aquele serviço de excelência, liderado pelo Dr. Ricardo Ferreira, onde foi submetido a vários tratamentos e exames radiológicos. Finalmente ontem, uma TAC, confirmou a existência de um cancro já espalhado pelo organismo, determinando assim a piedosa solução de terminar o seu padecimento com morte assistida.

Aquele meu irmão, deixou estupefactos todos os que com ele lidaram nas últimas semanas, nos serviços de enfermagem, pela atitude “colaborante” como se submeteu aos tratamentos a que foi sujeito. Toma de comprimidos, extração semanal de fluido de um pulmão, até as duplas injecções que a “mãe” Manuela lhe ministrou diariamente, tudo suportou dócil e pacificamente.

Acabou o calvário para ele e para todos os que com ele dividiram as dores do sofrimento.

Aqui “em cima”, eu, o Berrinhos, estou finalmente, ansioso, aguardando a chegada do “Patinhas”. 
A chegada desta sua última viagem. 
A tal a que nós não temos condição de escapar.


Ora bem… amigo Patinhas, venha lá uma lambidela!!!




“Carta” presente no “atrium” do Crematório da Fundação S. Francisco de Assis
(Zambujeiro – Cascais)

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