quarta-feira, 3 de março de 2010

(4) MAIS UMA SEM PEDIGREE

Sei que me fica mal. Mas a humildade excessiva também é defeito.
Não consigo alhear-me do facto de ter nascido em “berço de ouro”. Com parto assistido.
Na Maternidade! Claro que só podia ser. Basta olhar para mim.
Um pedigree como o meu, não nasce nem se cria na rua. E se a minha dona quis beneficiar da minha companhia pagou também a peso de ouro.
Não é que eu ligue muito às minhas aristocráticas e requintadas origens.
Não!
Sou humilde! Assim como aquela senhora loira, platinada, plastificada e ”esticada” que vejo com frequência na televisão, nos intervalos das minhas sonecas matinais. Uma Lili qualquer coisa. Só lhe invejo o nome!
O meu? Ai o meu nome… Que raiva. Nunca perdoarei aos meus donos a infeliz e traumatizante ideia que tiveram quando me "baptizaram".
Bem, mas como prometi, só falarei de mim depois de vos apresentar a famÍlia toda, Humanos inclusos.
Tudo! Até da Técnica Auxiliar nas Lides Domésticas que eu tenho de aturar duas vezes por semana. Se tiver paciência, tenho uma coisas lindas a contar sobre eles todos.
Lá mais pr’a frente…
Segue a apresentação da “Necas”.
Quando entrou cá em casa, apesar da visão fugidia que dela tive, quando foi transportada da porta de entrada para a sala de jantar (dependência que passaria a local de recobro) desconfiei logo que ela jamais chegaria a sair. Estava ali mais uma candidata a odalisca do meu harém. Claro que estava desejoso que ela não se fosse embora. Mais uma para me aquecer. E para me distrair. A juventude é linda e precisamos tanto dela como ela de nós, os velhotes.


NECAS I – A ORIGEM

Foi encontrada vagueando num dos parques de estacionamento do local onde trabalha a minha dona. Assim um género de condomínio fechado para Empresas. Vulgo Polígono Industrial. Segurança e tudo. Fica ali para os lados de Vialonga, perto do MARL. Mercado… comida… peixe! Ah! Que cheiro a peixe… Mas… continuemos.
E quem, senão a minha dona poderia ter dado de “caras” com aquele, ainda apenas “projecto” de felino? Pois!
Estou a ouvi-la:
- Coitadinha (?) –
nós sabemos bem como eles se enganam. Raramente acertam no nosso sexo mesmo quando já somos crescidinhos(as)… hehehehehe.
- Tão linda… O que fazer? Tão magrinha, tão meiguinha, a dar marradinhas nas pernas
- A fazer uns ron-rons que se deviam ouvir em Loures…
-
nós sabemos muito bem dar “graxa”… E eles, particularmente a minha dona, caem que nem patinhos… Patinhos… comida… caça… Bem… continuemos!

Previsível! A gatinha tinha de ser retirada daquele local inóspito tão cheio de perigos.
Carros, camiões, contentores….
- Tão pequenina, qualquer dia pode ser atropelada ou caçada por algum cão vadio.
Pronto! Estava prestes a iniciar-se um diabólico plano para a “adopção”.

NECAS II – MAIS UM “BARRETE” NO “COTA”
Ao fim de três semanas de hesitações, rapida e directamente do Polígono, a já baptizada como “Necas”, passou pela Clínica, levada pela minha dona e pela amiga do costume! Depois o “tour” aconselhável: observar a dentição, as patas, olhos, enfim todo o corpo, desparasitar e recolher sangue para análises no sentido de detectar qualquer infecção ou doença.
Seguidamente, com ar sério (grandes actrizes...) as senhoras determinaram que a Necas ficaria cá a descansar do stress da clínica e aguardando pelo resultado das análises clínicas, antes de seguir para a União Zoófila!
Miau… miau… miaudeixa-me rir… hehehehehe.
Minha dona arquitectou muito bem o plano que urdiu com aquela senhora que, como se devem lembrar, foi sua cúmplice na entrada da Ritinha para o meu círculo de Gatas! E as senhoras passaram à acção!
Sabiam que o meu dono não iria resistir quando, passadas umas horas após a chegada, vinda da Clínica, levaram a Necas ao meu dono e “como quem não quer a coisa…” depositaram-na no seu colo.
Ele ficou desarmado com o olhar e o focinho da bicha. Derreteu-se quando ela forçou o focinho entre os seus braços e o peito como a pedir protecção. E eu a ver… Estava a caír, ceguinho, naquela bem urdida armadilha. E espalhou-se quando sussurrou que a bicha era linda e que era uma pena ir para a União…
Estão a adivinhar.
A partir daquele momento e segundo a versão que corre, a Necas ficou por cá, “
a pedido do “velhote” (??!!!) . Eu, apesar de muito agradecido com a atitude das “senhoras”, sou testemunha a favor do “cota”. Foi alvo de fraude, passando a eterno “culpado” da Necas já não ir para o destino inicialmente “anunciado”.

NECAS III - DADOS BIOGRÁFICOS - MODELO
Tigrada, tinha (tem) um pêlo meio “dourado”, assim como a cor de uma “dourada” grelhada.
Mas não escalada!
Peixe… hum que aroma… Mas continuemos…
Pêlo curto, a tonalidade não é muito vulgar.
É linda. Pequeno porte.
Segundo a nossa amiga médica veterinária que tem sido o anjo de todos nós e não só, ela teria 5 meses quando foi “descoberta”.
Calculado o nascimento no mês de Maio de 2008 conforme consta no seu BI. Sei eu!
Com 8 meses tornou-se membro da família a 8 de Janeiro de 2009.

NECAS IV - COMPORTAMENTO
Muito ágil, passa-me tangentes a alta velocidade percorrendo a casa toda. Ouço dizer que não gosta muito de colo e que é das mais independentes de todos nós, embora eu já a tenha apanhado a miar pedindo festinhas. Gosta de dormir em cima da cama dos donos onde passa toda a noite, fazendo-me companhia.

(A cama dos donos... qual "SPA")

A mais indisciplinada. Ainda não fui obrigado a exercer qualquer atitude de disciplina pois duas das mais velhas (a Maria e a Pippy), de vez em quando dão-lhe uns bofetões valentes que a põem a fugir. Principalmente quando ela está a “chatear” a Ritinha.
A última mania de “picar” a Ritinha é, como já referi, retirar-lhe as mantas e a cama e espalhá-las pela casa.
Mas é uma gracinha e gosto muito dela.
Ufa! Estou que nem posso. Já tenho as garras no sabugo e o meu dono está a precisar do computador.
Recebam muitos Miaus
do vosso
Berrinhos.


BOA TARDE

1 comentário:

  1. Olha lá responde-me com franqueza... O teu dono emaluqueceu? Não é que eu não goste de gatas, antes pelo contrário e também gosto de lhes passar a mão pelo lombo. Dá-lhe um abraço meu.

    ResponderEliminar